DIABETES MELLITUS – OPORTUNIDADE

Diabetes mellitus é uma doença crônica em que a produção de insulina (um hormônio pancreático) ocorre de maneira inadequada com ação ineficiente ou ausente. A insulina é um hormônio proteico muito importante para o crescimento, ela facilita o aproveitamento da glicose, que é a principal fonte de energia para nossas células funcionarem. Uma série de mecanismos são utilizados para que as quantidades de glicose e oxigênio cheguem a cada parte de nosso corpo. O cérebro não consegue realizar suas atividades sem a glicose e dele dependem grande parte das ações que realizamos na vida diária. Todo alimento torna-se glicose mais rápido ou mais lentamente; quando os níveis de glicose no sangue (glicemia) ficam muito baixos, outras fontes de energia – como lipídios e proteínas – são transformados em glicose para que tudo funcione normalmente. Poderíamos comparar essa distribuição de glicose como a seiva que nutre grandes árvores.

Com a deficiência de insulina, acumulamos glicose na circulação e quase nada chega às nossas células. A hiperglicemia crônica tem sido associada a maior risco de eventos cardiovasculares, como infarto do miocárdio; acidente vascular cerebral ou a obstrução de vasos periféricos, levando a amputações e funcionamento prejudicado dos rins e da visão.

Normalmente, acumula-se no interior das artérias um tipo de gordura muito aderente chamada LDL-colesterol. Ao longo da vida essa gordura pode obstruir vasos muito importantes. Nestes casos, o organismo forma novos vasos para alimentar a região obstruída; no entanto, nos indivíduos diabéticos, esse processo é mais acelerado.

Muitas vezes o depósito de gordura já é avançado antes do aparecimento da hiperglicemia, causando diminuição da chegada de glicose e oxigênio em áreas importantes, diagnóstico que se não tratado pode levar à morte daquela região. Cuidar do processo de diabetes exige um novo olhar para o corpo, de constante atenção e interesse para buscar a solução.

Isso nem sempre é fácil. Como em toda doença crônica, muitas adaptações e aprendizados são necessários para que todos os mecanismos que mantêm o equilíbrio energético se tornem adequados novamente. Este é o desafio dos pacientes diabéticos e todos os profissionais envolvidos nesse propósito.

Os diagnósticos de diabetes mellitus vem crescendo rapidamente em todo o mundo, causando sérios problemas na saúde pública, o que preocupa todos os países – em especial aqueles onde a população tem acesso difícil à educação e saneamento básico. Por outro lado, mesmo em grupos em que esse acesso é viável e a alimentação encontra-se garantida, o desafio permanece grande.

No estilo de vida moderno, o índice de estressores é crescente: cuidados básicos para uma alimentação saudável, prática de esportes e atividades lúdicas, lazer para manter o equilíbrio psíquico são delegados a segundo plano. Essa desatenção constante com a rotina diária de saúde e bem-estar leva a um progressivo desgaste dos mecanismos celulares que aumentam o risco para eventos cardiovasculares graves. Com os avanços tecnológicos e científicos, hoje vivemos por mais tempo e um maior número de pessoas conviverá com os desgastes e disfunções de seus órgãos, especialmente se nunca tiverem tomado cuidados preventivos com o corpo.

Muitas pessoas só chegam ao conhecimento da doença depois do aparecimento de suas complicações, o que poderia ser prevenido antecipadamente. No Brasil, em 2019, tínhamos uma estimativa de 16,8 milhões de pessoas diabéticas entre 20-79 anos, com uma projeção de aumento de 55% até 2045. Com uma estimativa de progressão para doença tão elevada é essencial disseminar educação e conhecimento sobre autocuidado, e tempo para se observar e construir um caminho de saúde.

DIABETES MELLITUS: UMA DOENÇA OU CONJUNTO DE DOENÇAS?

Na verdade, existem alguns tipos de diabetes com origem diferentes, mas que levam ao mesmo quadro de hiperglicemia. Os mais frequentes são conhecidos como Diabetes tipo 1 e tipo 2, ambos associados a um determinante genético com influência de vários genes. Só a presença desses genes não leva ao desenvolvimento da doença, sendo necessários fatores desencadeantes presentes no meio ambiente. Gravidez e/ou situações onde se faz necessário o uso contínuo de medicamentos também podem desencadear o aparecimento da doença clínica, às vezes reversível.

MAS QUAL A DIFERENÇA ENTRE ESSES TIPOS DE DIABETES?

Diabetes TIPO 1 e TIPO 2 estão associados a um perfil genético de hereditariedade. No caso de diabetes tipo 2 isso é bem mais marcante, podendo não estar presente nos pais, mas certamente encontrados em parentalidade de maior distância.

Diabetes tipo 2 tem início mais frequente após os 40-50 anos e as características genéticas herdadas, associadas à vida sedentária, ganho de peso e alimentação rica em gorduras e carboidratos sem fibras, leva a um desgaste das células beta-pancreáticas, que se esforçam para manter os níveis de glicose sempre adequados e progressivamente aumentam a produção de insulina até chegar ao limite (a gota d’água!).

Nesse ponto dizemos que a pessoa está pré-diabética e é este o momento da virada. É possível reverter todo o transtorno do corpo.
“Se tenho algum familiar diabético, também me tornarei diabético?”
Não necessariamente, dependerá de suas escolhas.

A atividade física regular permite uma otimização dos níveis de insulina circulantes, melhorando o aproveitamento da glicose fornecida pelos alimentos, aliviando as cargas emocionais da estressante vida moderna, onde cortisol e adrenalina liberados continuamente comprometem o metabolismo da glicose por vários mecanismos, o estresse crônico e ansiedade para absorver a avalanche de informações e solucionar as dificuldades da vida moderna dificulta um período de sono necessário para que todos os mecanismos de ajustes possam ocorrer. Necessitamos de ritmo para comer, crescer, aprender, trabalhar, descansar. O Tempo é direcionador de Saúde. Tudo é possível, mas no devido tempo.

Hábitos saudáveis e atenção à saúde contínua podem impedir que os fatores genéticos possam desencadear doenças, e esses mesmo hábitos podem reverter um processo inicial de desequilíbrio. Atividade física regular, alimentação saudável e equilibrada contendo todos os nutrientes (carboidratos especialmente os acrescidos de fibras ou cereais integrais, proteínas com baixo índice de gordura, gorduras não-saturadas encontradas em sementes, castanhas, peixes magros), diminuição de alimentos processados com alto teor de sódio colaboram para evitar ganho de peso excessivo, aumento da pressão arterial. A hiperglicemia pode ser desencadeada pela obesidade, aumento de lipídios na circulação e hipertensão arterial podem ser parceiros de grande risco de doenças cardiocirculatórias.

Nossas escolhas determinam nossas dificuldades, mas também nossas aprendizagens e crescimento na manutenção do equilíbrio da saúde e bem-estar. A doença pode ser a oportunidade de cuidarmos e aprendermos mais sobre nós.

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